As sociedades em envelhecimento estão forçando grandes mudanças na prestação de cuidados de saúde.

As previsões são claras: em 2050 o número de pessoas com idade superior a 80 anos terá dobrado nos países da OCDE, e sua parte na população vai subir de 3,9% para 9,1%. Cerca de metade, provavelmente, vai precisar de ajuda com tarefas diárias, particularmente para aqueles com doenças crônicas duradouras, como a doença de Alzheimer, doenças cardíacas e osteoporose. Os sistemas de saúde, destinados apenas para ofertar os cuidados hospitalares para casos agudos, vão lutar para prestar esse apoio.

Para manter o bem-estar das populações idosas, a hospitalização pode ser substituída por residências em instalações construídos com esses propósitos a um custo menor. Um relatório recente abrangendo 20 países, da KPMG, uma empresa de consultoria, sugere que o número de residentes que recebem cuidados domésticos poderia crescer 68% ao longo dos próximos 15 anos. A forma como os cuidados são geridos, em qualquer país, reflete uma disputa entre atitudes culturais, orçamentos nacionais e realidades demográficas pedregosas. A disponibilidade crescente de tecnologia que permitiria que os idosos a permanecessem  em suas casas por mais tempo também vai afetar a demanda por tais opções.

Os cuidados residenciais para idosos nos Estados Unidos e no Japão estão florescendo. Mas em uma era de finanças públicas apertadas, alguns governos estão reduzindo os pagamentos que eles oferecem para cobrir, ou subsidiar, os lares de cuidados. Algumas operadoras agora lutam para ganhar dinheiro; na Europa Ocidental, por exemplo, os governos estão encorajando os idosos a ficarem em suas próprias casas por mais tempo. É por isso que a duração das estadias em lares de cuidados caiu de uma média de três a quatro anos, há uma década, para 12 a 18 meses hoje, diz Max Hotopf, o chefe da Healthcare Business International, uma editora. Milhares de leitos residenciais na Holanda e na Suécia desapareceram como resultado. Cerca de 5.000 casas de cuidados britânicas endividadas, um quarto do total, pode fechar dentro de três anos.

Isso faz com que os mercados emergentes sejam uma perspectiva mais atraente, pelo menos para as empresas de cuidados europeias. A Senior Assist, uma empresa belga que administra instalações residenciais e cuidados em casa, agora está se expandindo no Chile e no Uruguai. Mas a China é o grande prêmio. Os chineses irão depender muito de cuidados residenciais, graças à política de filho único do país e à crescente urbanização: dois pais e quatro avós muitas vezes dependem de uma criança distante.

Famílias em outros países em desenvolvimento são mais hesitantes sobre entregar os avós a estranhos, no entanto. No Brasil, na Índia e nos países mais ricos do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, o cuidado com idosos permanece centrado em torno dos hospitais. No Brasil tirar os idosos de seus bairros é desaprovado. Na Índia e no Oriente Médio, espera-se que as famílias cuidem de seus idosos quando eles não estão no hospital. Helmut Schuehsler, da TVM Capital Healthcare, uma firma de “private equity” no setor, diz que para prevenir que os leitos hospitalares fiquem bloqueados por idosos, “serviços de reabilitação” ligados a hospitais devem ser ofertados, ou pelo menos atendimento domiciliar, o que evita a necessidade de um hospital em primeiro lugar.

No geral, cuidado domiciliar para idosos é um mercado cada vez mais atraente, com previsão de chegar a US $ 355 bilhões em 2020 em todo o mundo, com um crescimento de 7,8%, em média, por ano, de acordo com Grand View Research. Por um lado, é mais barato fornecer ajuda para os idosos em suas próprias casas (desde que não envolva cuidados durante a noite). Por outro lado, um existe crescente desejo para “envelhecimento na moradia”.

Na Índia, diz Hotopf, muitos concordam que equipar casas comuns com equipamentos médicos será a solução para aqueles que podem pagar. Mas incrementos mais simples e baratos podem ajudar a manter os idosos saudáveis ​​em casa, também. A empresa Sen.se, com sede em Paris, tem um dispositivo chama do “Mother” (Mãe) que executa uma família de “cookies de movimento” por meio de pequenos sensores. Um vai encaixado confortavelmente no lado de um frasco de comprimidos, por exemplo. Se for colocado adequadamente no interior de uma casa, pode monitorar a temperatura ambiente, o tempo que uma pessoa tenha passado na cama, a abertura da porta do refrigerador e se os comprimidos foram tomados. Os dados de um parente idoso podem ser monitorados remotamente em aplicativos.

Manter um pai ou mãe idosos dentro das vistas também está se tornando mais fácil. A empresa robótica Revolve tem um robô de telepresença chamado Kubi que permite que pessoas distantes tenham uma panorâmica e transformam um iPad numa ferramenta que torna mais fácil para qualquer pessoa preocupada ver como pais idosos estão se virando.

Para aqueles que necessitam de supervisão humana, por sua vez, uma série de empresas “start up” (iniciantes) esperam tornar a busca e localização de cuidadores, prestadores de cuidados,  muito mais fácil. Aplicativos, incluindo TenderTree e HomeHero, vão substituir os anúncios, que foram antigamente criados para revistas.

Empresas de cuidados e outros profissionais equipamentos podem poupar dinheiro eles mesmos através de avanços no monitoramento remoto. Na Grã-Bretanha, por exemplo, o Hospital Airedale no norte da Inglaterra colocou serviços de telemedicina (em uma ligação de vídeo segura de dois canais) em enfermagens e casas residenciais por um período, e as internações hospitalares diminuíram em mais de um terço. Isto ocorreu porque os enfermeiros disponíveis para descobrir se os incidentes em lares eram graves ou não. Em fevereiro do hospital iniciou um novo polo digital para fornecer estes serviços numa base mais ampla.

No entanto, os sistemas de cuidados de saúde têm sido geralmente lentos a adotar a tecnologia desta forma. Agora pode ser possível consultar-se com um médico através de um tablet, mas os governos têm muitas regras sobre como o aconselhamento médico é praticado e como os dados relacionados são manipulados. A medida que novas tecnologias concederão independência aos idosos será limitada pela forma como os governos estão dispostos a integrá-los em sistemas maiores.