Comunidades universitárias dão exemplo de como é possível e enriquecedor criar uma estrutura e ambiente para esse público cada vez mais presente nas salas de aula.
Nos últimos anos, o conceito de comunidades universitárias tem se expandido para incluir um público muito especial: os idosos. Pensando nisso, neste blog, exploraremos o que são essas comunidades, suas contribuições para o público sênior e a importância do estudo para os idosos.
O que são as Comunidades Universitárias?
Em suma, comunidades universitárias, ou acadêmicas, referem-se a grupos ou instituições que promovem a integração e aprendizado contínuo entre indivíduos com interesses comuns, muitas vezes em um ambiente universitário ou educacional.
Tradicionalmente, esse conceito era associado a jovens estudantes e acadêmicos. No entanto, a visão moderna ampliou essa estrutura. Por exemplo, para incluir o público sênior, criou-se espaços onde os idosos podem participar ativamente de atividades educacionais e culturais.
Contribuições das Comunidades Universitárias para o público sênior
Como podemos perceber, as comunidades universitárias oferecem uma série de benefícios para os idosos, entre os principais estão:
- Estímulo Intelectual: participar de cursos e atividades acadêmicas estimula a mente, ajudando a manter a cognição afiada e reduzindo o risco de declínios cognitivos associados ao envelhecimento;
- Socialização: as comunidades acadêmicas oferecem oportunidades para socialização, permitindo que idosos se conectem com outros indivíduos que compartilham interesses semelhantes;
- Desenvolvimento de Novas Habilidades: os programas oferecidos por essas comunidades geralmente incluem cursos sobre uma variedade de assuntos, desde tecnologia até artes e ciências. Isso permite que o público sênior aprenda novas habilidades e mantenha-se atualizado com as mudanças tecnológicas e culturais;
- Enriquecimento Pessoal: o acesso a uma variedade de atividades culturais e acadêmicas pode enriquecer a vida dos idosos, proporcionando a eles novas experiências.
Exemplos de sucesso de Comunidades Universitárias
No Brasil, de acordo com dados do Censo da Educação Superior 2023, 51 mil pessoas com 60 anos ou mais estão matriculadas em faculdades espalhadas pelo país. Entre 60 e 64 anos eles somam 68% e outros 32% são graduandos acima de 65 anos. Com isso, se compararmos com números de 2012, quando pouco mais de 28 mil idosos frequentavam as salas de aulas de universidades, veremos que em 11 anos esse público cresceu 82%.
Diante desse crescimento constatado, vem a pergunta: é possível que as universidades melhorem suas estruturas para receber de maneira melhor e mais adequada esse público sênior?
Decerto, situações de fora mostram que sim! Por exemplo, no Arizona, Estados Unidos, dentro da Arizona State University (ASU), desde 2020 está instalada a Mirabella, uma comunidade universitária de aposentados. O prédio de 20 andares abriga mais de 300 pessoas que não viram na idade qualquer obstáculo para se manterem conectadas à vida universitária.
Outro exemplo é de uma recente reportagem veiculada no jornal The Economist. Essa notícia trouxe bastidores dessa estrutura especialmente montada para receber o público sênior. Por exemplo, há dormitórios confortáveis e adaptados para atender às necessidades dos idosos, quatro restaurantes que servem refeições boas e nutritivas, além de sala de jogos, academia, estúdio de arte e até piscina. No segundo andar, de acordo com a reportagem, funciona um centro de cuidados de memória, bem como quartos para moradores que precisam de atenção integral.
Além disso, para facilitar a locomoção por todo o campus, carrinhos de golfe ficam à disposição dessa comunidade. Contudo, destaca a reportagem do The Economist, grande parte prefira o deslocamento de outras formas, incluindo de bicicleta.
Diversão, conhecimento e integração
Com toda essa estrutura, os residentes da comunidade universitária Mirabella se divertem, interagem entre eles e com estudantes de outras gerações. Mais do que isso, adquirem toda a cultura e conhecimento ofertado pela instituição de ensino!
Além disso, como possuem uma espécie de passe universitário, os idosos que residem na comunidade universitária podem assistir às mesmas aulas e eventos culturais que os demais estudantes, sem precisar realizar exames de avaliação.
Outros exemplos
Como mostrado anteriormente, a ASU não é exemplo único de universidade que pensa em acolher o público sênior. Somente nos Estados Unidos, segundo a reportagem do The Economist, cerca de 85 faculdades sejam afiliadas a alguma forma de moradia para idosos. Com isso, a estimativa é de que 20 mil americanos idosos vivam nesses locais.
Além disso, também são conhecidos exemplos de comunidades universitárias para aposentados no Canadá e na Holanda. Sem dúvidas, é um movimento interessante, visto como tendência cada vez mais forte atualmente.
Desse modo, os aposentados ganham a oportunidade de viver próximos aos campus e, assim, compartilhar espaços de cultura e educação entre eles, professores e estudantes de diferentes gerações, o que enriquece ainda mais suas experiências.
Benefícios para todos
Claramente, vimos que para as pessoas de mais idade, a oportunidade da vivência e moradia universitária é altamente enriquecedora. Mas, é muito importante dar em detalhes o contexto para mostrar que a tendência também traz benefícios aos demais envolvidos.
Primeiramente, aos estudantes de outras gerações, compartilhar a experiência de vida do público sênior é igualmente valioso. A troca de informações, o pensar diferente e as formas distintas de se propor soluções certamente contribuem bastante em seus processos de formação.
Além disso, para as universidades, também há grandes benefícios. Por exemplo, o acolhimento a esse público pode representar uma importante ação para a preservação institucional, diante da queda do número de matrículas que vem sendo registrada em alguns locais.
Como mostrou a mesma reportagem do The Economist, nos Estados Unidos, as matrículas na licenciatura caíram de mais de 18 milhões, em 2010, para menos de 16 milhões, em 2022. Além disso, as mudanças demográficas, ou seja, com redução da natalidade e aumento do envelhecimento da população, agiram também para esse quadro.
Em suma, de modo inteligente, muitas universidades estão preenchendo esse espaço vago para atrair o público mais velho para seus campus e suas salas de aula.
Por tudo isso, a tendência de maior presença do público sênior, incluindo as moradias e comunidades universitárias é uma maneira inovadora de combinar e incentivar a convivência entre gerações e proporcionar uma experiência enriquecedora para todos.
Lederman Consulting & Education
Em resumo, vimos em mais um blog da Lederman como as comunidades universitárias para idosos são uma realidade cada vez mais relevante e benéfica. Isso porque elas oferecem um espaço para aprendizado, socialização e crescimento pessoal, permitindo que os idosos continuem a enriquecer suas vidas e contribuições para a sociedade.
Dessa forma, ao integrar o estudo e a atividade intelectual na vida dos sêniores, essas comunidades ajudam a garantir que o envelhecimento seja uma fase de descobertas e realizações contínuas. Além disso, há o enriquecimento do meio acadêmico e profissional com diversidade e a presença de novas perspectivas.
David Lederman é presidente da Lederman Consulting & Education e organizador dos Workshops Oficiais do Disney Institute no Brasil.
Fundador da Escola Nacional de Qualidade de Serviços (ENQS), Professor na Fundação Vanzolini no Curso de Especialização em Administração de Serviços – CEAS e Professor no MBA em Administração, Finanças e Geração de Valor na disciplina “Excelência em Serviços e Fidelização de Clientes” da PUCRS.
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